Expectativa de fracasso, entraves nas negociações, duras críticas
feitas por organizações da sociedade civil e provável ausência dos principais
líderes mundiais. O clima às vésperas da Rio+20, Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, é o mesmo de duas décadas atrás, antes da
Rio 92, conferência da ONU sobre "ambiente e desenvolvimento".
As críticas à Rio+20 são várias, segundo ONGs brasileiras e do
exterior. A falta de entrosamento dos países na elaboração do “Rascunho Zero”,
documento que norteará o encontro e vai definir o que é uma “economia verde”,
aliada ao fato da conferência não resultar em obrigações com metas ambientais,
sociais e econômicas, enfraquecem a Rio+20 e afastam grandes líderes -- como os
chanceleres David Cameron, do Reino Unido, e Angela Merkel, da Alemanha, que já
informaram que não estarão no Brasil.
O encontro de duas décadas atrás, também chamado de "Cúpula
da Terra" e de "Eco 92", popularizou a ideia de desenvolver a
economia de olho nas questões sociais e ambientais -- o conceito foi batizado
de "desenvolvimento sustentável". Mais de cem chefes de Estado
participaram e assinaram acordos considerados importantes e “de sucesso”, de
acordo com especialistas em negociações internacionais.
Entre os
principais resultados da conferência estão o documento da Agenda 21, um roteiro
para países, estados e cidades de como crescer e ao mesmo tempo resolver
problemas ambientais e sociais; a criação da Convenção do Clima e da Convenção
para a Biodiversidade, além do embrião da Convenção de Combate à Desertificação.
"Em 1992 havia um esforço enorme para que os chefes de Estado
viessem. Ocorreram extensas rodadas de negociação que resultaram nos tratados
internacionais. Antes da conferência acontecer, as pessoas não achavam que
seria grande coisa. Mas ela deu certo", disse José Goldemberg, ministro da
Ciência e Tecnologia da época, considerado uma das principais peças-chave da
conferência e um dos interlocutores do então presidente Fernando Collor durante
as negociações do segmento de alto nível (com chefes de Estado).
Rubens Ricupero, embaixador brasileiro e presidente da comissão de
Finanças da Eco 92, fez a mesma avaliação. "Naquela época, o Brasil tinha
uma atitude muito pró-ativa, de aproximar as posições e se empenhou em
facilitar mais os acordos, como anfitrião. As condições naquela época [para
acordos multilaterais] eram mais favoráveis que hoje. Era uma situação muito
mais encorajadora e parecia haver uma convergência favorável à cooperação
internacional", afirmou.
A
Rio+20 será realizada entre os dias 13 e
22 de junho de 2012 na cidade brasileira do Rio de Janeiro. O evento ocorrerá
em mais de dez locais diferentes, tendo oRiocentrosido o principal local de
debates e discussões da Rio+20. Além deste, o evento será realizado, oficialmente,
no Aterro do Flamengo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em mais de
cinco outros locais.
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